E no Bonenkai da gente? Você ja é prata da casa!
1- Isso que será abordado aqui, certamente, tem influência na multiplicidade das Federações e a consequente “liberdade de expressão”, gerado por interpretações pessoais de seus dirigentes. Outra consequência – assim acredito – é a busca pela eficiência na defesa pessoal e o panorama do MMA, refletindo na leitura pessoal dessa eficiência na forma isolada de cada arte marcial.2- Há, nos dias de hoje, a divulgação do chamado Karate-jûtsu. Independente da técnica, que eu achei bem eficiente, gostaria de por em discussão a validade do termo.Quem estabelece esse novo conceito apregoa tratar-se de um resgate do “antigo” Karate, defendendo a questão das projeções como algo existente no Karate de Okinawa.3- Vou abordar em partes.Inicialmente a validade do termo Karate-jûtsu. Em se tratando de história podemos afirmar que nuca existiu tal termo. Por dois motivos básicos: o primeiro é que não existe Karate “antigo”. Quando o termo foi validado por O’Sensei Funakoshi (não considerando aqui a iniciativa de Chômo Hanashiro-sensei, em 1905) já nos encontrávamos em 1922, portanto nos dias modernos. Segundo porque, antes disso, não existia Karate, mas, sim o Tôde de Okinawa.Portanto qualquer resgate mais antigo que O’Sensei Funakoshi deve denominar-se Tôde, ou simplesmente Te/Tii. Após O’Sensei Funakoshi só teremos Karate-dô, e a caracterização dos primeiros estilos.4- Sobre as projeções existentes no Tôde. Já vi alguns debates aqui no Fórum, sobre aspectos bastante simples dessas técnicas (baseados no Karate-dô Kyôhan), distinguindo-as de artes mais elaboradas como o Jûjûtsu ou o próprio Judô. O que leva ao questionamento sobre a existência de uma gama muito variada de projeções ou lutas de chão existentes no Tôde.5- Agora vem um aspecto mais delicado. O estilo Shôtôkan e suas origens.Muito se tem falado que Massatoshi Nakayama-sensei foi “abolindo” técnicas para tornar o Karate competitivo. Há controvérsias! Nos vídeos mais antigos, percebemos que Sensei Nakayama faz uso frequente de apressamentos e torções e, embora a prática esportiva tenha supervalorizado alguns golpes, a insistência de Sensei Nakayama em apresentar a competição como um novo “braço” do Karate-dô é notória.Assim, acho que a teoria de simplificação técnica em prol das competições, está destituída de comprovação histórica.O Shôtôkan é fruto de profundas reformas sim, porém, com a participação de inúmeros Mestres, entre eles Gigo, Ôtsuka, Hironishi, Egami, entre outros. O próprio Shôtôkai refere-se ao incentivo que O’Sensei Funakoshi dava às inovações científicas.6- Desta forma, acho amplamente válida as inovações de Nakayama e a caracterização do estilo Shôtôkan a partir de sua intervenção, já que outros mestres rumaram para outras interpretações técnicas gerando outro estilo: o Shôtôkai (sim, estou defendendo a tese que ambos os estilos me parecem válidos, portanto distintos).7- Agora uma última consideração que está, ao meu ver, relacionada às Federações. É o uso de faixa-coral por alguns Sensei dentro do Estilo Shôtôkan.Historicamente isso não existe. Trata-se de uma nova interpretação, baseado sem dúvida, nos estilos que o utilizam.O que sabemos sobre as cores das Obi? Jigorô Kanô-sensei, fazendo suas inovadoras interpretações do Jûjûtsu, desenhou um uniforme e estabeleceu uma representação para os já existentes (e antiguíssimos) graus (Kyû) e níveis (Dan). Ao que parece, para os Kyû, em sua totalidade, determinou a cor branca e para os Dan, a cor preta, sendo que utilizou a cor vermelha para indicar os Dan mais avançados. Nada sei sobre a cor “coral”, bem podendo tratar-se de algo mais moderno para diferenciar Dan avançados, mas, intermediários, por assim dizer. O mesmo serve para os “riscos” indicativos de Dan.As faixas coloridas para Kyû, é invenção moderna dos europeus, provavelmente franceses.8- Com tudo isso amigos, se desejamos levar para os nossos Dôjô de Karate-dô Shôtôkan, algo tradicional, é bom fazermos análises concretas dos dados e ainda, considerarmos a validade de símbolos bem mais ligados à vaidade do que às técnicas.Não tenho certeza se todos os dados aqui apresentados possuem respaldo histórico em fontes, pelo que agradeceria correções baseadas em fontes fidedignas.
As faixas entraram simplesmente como forma de adequação ao Butokukai, para que o karate fosse reconhecido. Sistema do Kendo e do Judô, mera questão política. E que, convenhamos, a gente só diz que não tem importância alguma depois que tem a preta na cintura. É uma maneira de motivar o praticante, sem dúvida.
Citação de: Rodrigo (Rodfu) em Novembro 10, 2012, 10:18:55As faixas entraram simplesmente como forma de adequação ao Butokukai, para que o karate fosse reconhecido. Sistema do Kendo e do Judô, mera questão política. E que, convenhamos, a gente só diz que não tem importância alguma depois que tem a preta na cintura. É uma maneira de motivar o praticante, sem dúvida.Touché!
Pelo menos em Okinawa a faixa coral é utilizada somente em eventos comemorativos, a cor é tirada da própria bandeira de Okinawa e a grande maioria dos mestres utilizam a faixa preta normal nos treinos
Entendo os motivos que podem levar a acreditar que Funakoshi fosse mais "teórico" em relação ao aspecto da luta. Mas me pergunto se seria possível que um cara que não soubesse nada de luta, ou que não encorajasse ninguém a treinar assim, tenha formado pessoas como Nakayama, Nishiyama, Kanazawa, etc? Além disso, por que Jigoro Kano teria dado tanta força ao karate, logo ele que rompeu com o antigo treinamento de Ju-jutsu e criou o Kodokan, uma pessoa extremamente voltada para a aplicação práica do conhecimento? Será mesmo que o treino era só kata, sem aplicação pra luta? Sinceramente, não acredito nisso.