Autor Tópico: Reflexões  (Lida 7571 vezes)

Offline BigBoy

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.245
  • Votos: +1/-0
Re:Reflexões
« Resposta #15 Online: Julho 17, 2013, 16:49:54 »
   Essa taxonomia do Gustavo, acrescida pela colaboração dos colegas não é um privilégio às avessas do karatê.

   Isto existe em outras artes marciais. Em intensidades maiores ou menores.

   A questão é: por que há um esvaziamento das academias sensivelmente maior no caso específico do karatê?

Offline Pedro

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.858
  • Votos: +14/-25
Re:Reflexões
« Resposta #16 Online: Julho 18, 2013, 09:52:20 »
Olá!
Caro Big Boy, o esvaziamento das academias de Karate
deve-se o fato único e exclusivo de que o Karate é
uma Arte Marcial fundamentada por uma essência de
muita reflexão com bondade caráter adequado e paixão,
e em sua parte física está baseado em física e requer
capacidade intelectual mais avançada.
E como o brasileiro está deixando a desejar na parte moral e intelectual....
preferem migrar para outras lutas menos exigentes.
Oss
Pedro
Com o "Obi", amarre seu corpo ao seu espirito,e vai em frente.

Offline BigBoy

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.245
  • Votos: +1/-0
Re:Reflexões
« Resposta #17 Online: Julho 18, 2013, 11:03:33 »
Sensei,
 
   Quer dizer que o povo das décadas de 70 e 80 era mais culto (pois em tais épocas as academias eram cheias)?

   No que tange à formação escolar básica eu vou ter de concordar, no entanto, como 'educação básica', a mesma não era capaz de levar as massas a refletirem mais a cerca de si mesmas, terem mais fundamentos de cinemática, estática ou mesmo dinâmica.

   Para mim, a degradação da sociedade está acontecendo de uma forma generalizada, não só no Brasil. Sua geração conviveu com coisas que consideraram imorais para a época, a minha agora está também boquiaberta e assim caminhamos para não sei aonde.

   Porém acho que dois elementos foram "catalizadores" da degradação das sociedades. A tal da globalização da virada do milênio e agora a abertura dos fundos de investimentos (o que desencadeou a crise americana e por consequência global). Todo mundo "tem de agir igual". Vide a notícia de hoje, com a aprovação do plano econômico na Grécia.

   Ã‰ inquietante isso. Eu não me contentaria somente com estes fatores pra pensar no karatê para meus netos.

[]´s
Big

Offline Tsuki

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1.054
  • Votos: +1/-0
Re:Reflexões
« Resposta #18 Online: Julho 18, 2013, 11:50:43 »
Olá!
Caro Big Boy, o esvaziamento das academias de Karate
deve-se o fato único e exclusivo de que o Karate é
uma Arte Marcial fundamentada por uma essência de
muita reflexão com bondade caráter adequado e paixão,
e em sua parte física está baseado em física e requer
capacidade intelectual mais avançada.
E como o brasileiro está deixando a desejar na parte moral e intelectual....
preferem migrar para outras lutas menos exigentes.
Oss
Pedro


Pra mim se resume a má formação de senseis, queda do nivel tecnico, e um treino focado em um joguinho de "encosta encosta" em vez de combate "real". E tbm na falta de atualização dos professores com relação a treino fisico e tecnico.
Oq define um bom Karateka segundo Shoshin Nagamine:

"Punho infernal, coração santo."

Offline Eros José Sanches

  • Full Member
  • ***
  • Mensagens: 206
  • Votos: +0/-0
Re:Reflexões
« Resposta #19 Online: Julho 18, 2013, 23:29:59 »
Osu, amigos!

O aprendizado do Karate-dō é uma coisa bastante difícil.
A assimilação de bases e a falta de um bom rendimento inicial dos golpes geram desânimo e levam o iniciante para outras modalidades que apresentam um resultado em mais curto prazo.

Antigamente não existiam tantas modalidades e o Karate-dō, sendo novidade, os alunos persistiam. Com isso ganharam a excelência técnica apresentada nos anos 70 e 80. Isso associado à forma das disputas esportivas da época geraram os "dias de ouro" do Karate-dō brasileiro.

Hoje é tudo baseado no imediatismo.
E o tal do "karatê enganador", descrito pelo Gustavo, busca um caminho mais fácil entre as academias das arters marciais do momento, para morder o seu bocado. Faixas pretas formados sabe-se lá como, passam a "dar aulas" favorecendo socos "boxeados" e chutes sem Hiki-ashi (que Sensei Marquinhos chamou de "esperneio-geri"), negligenciando Kata, nomenclatura de golpes, Reishiki e dando ênfase às lutas competitivas.

Contudo, o esvaziamento é notório.

Os Dōjō que primam pelo Karate-dō (que engloba o que o Gustavo definiu como "Karate Budō" e "Karate Defesa Pessoal") são vistos como antiquados. Porém, Karate-dō é Kata, Kihon e Kumite; permeado de Filosofia (Dōjō Kun, Nijū-Kun); Reishiki; e trajando, impecavelmente, o Karate-gi (Wagi, Shitabaki e Obi).
Foi assim que O-Sensei Funakoshi o concebeu dentro do Japão e os mestres de Okinawa acabaram por aceitar alguns desses princípios. Qualquer coisa fora disso não é Karate-dō.

Gustavão, estou esperando seu video!  ;D

Osu.
« Última modificação: Julho 18, 2013, 23:33:19 por Eros José Sanches »
"A popularidade internacional alcançada pelo Karate-do é recente, mas essa é uma popularidade que os professores de Karate devem fomentar e usar com grande cuidado" (Gichin Funakoshi, 1956)

Offline BigBoy

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.245
  • Votos: +1/-0
Re:Reflexões
« Resposta #20 Online: Julho 19, 2013, 08:03:12 »
   Segue um cenário de Curitiba da primeira metade dos anos 80 em termos de artes marciais diferentes de Karatê à disposição de todos:

  • Kung Fu Wing Chun com o mestre Makao;
  • Kung Fu Shao Lin do Norte com Mestre Alfredinho (atualmente o Delegado Alfredo Adib);
  • Boxe Chinês (como era mais conhecido o Jet Kune Do) com professor Luisinho (se não me engano, no Estúdio Rita Pavão);
  • Boxe Tailandês (como era chamado o Muay-Thai) na Chute-Boxe com o então instrutor Rudimar;
  • Boxe Tailandês (item) na Thai-Naja com o mestre Nélio "Naja";
  • Luta-Livre com o irmão do mestre Nélio (na época em que havia uma academia em frente ao cine Lido);
  • Luta-Livre com o Luisão (em diversos locais... um deles foi quase em frente ao Círculo Militar);
  • Capoeira Regional com Mestre Sergipe;
  • Capoeira Regional com Pernambuco;
  • Capoeira Barravento com mestre Burguês (na época era chamado de Burguesinho);
  • Tae-Kwon-Do (WTF) com mestre Kang;
  • Tae-Kwon-Do (ITF) com professor Gilson Osternak;
  • Boxe com o professor Sansão;

   E, por este cenário, sinto-me desconfortável em concordar que as pessoas não tinham outras opções.

   Outra coisa.
   Não penso que a obtenção da faixa preta no Jiu-Jitsu seja rápida, tampouco simples. Meu sobrinho irá completar seu nono ano de JJ com a faixa marrom toda rasgada e desbotada. Talvez seja neste fim de ano que lá na CheckMat ele receba da forma tradicional (no final do treino, de surpresa). Não tenho, por este motivo pensar que Jiu-Jitsu seja uma luta satisfaça a imediatistas, muito menos que Jiu-Jitsu seja uma arte marcial que esteja sofrendo esvaziamento. É certo que, como qualquer outra arte marcial, tem picaretas que promovem ao estilo fast-food.
   O mestre Kang acima citado, por exemplo, passou por uma época em que sua academia, então na Riachuelo, abria de domingo a domingo. Foi uma época em que se dizia à boca pequena, que levava dois anos para se atravessar as faixas que eram usadas na época (branca, amarela, verde, azul, vermelha e preta, todas com pontas intermediárias). E nem por isso deixou de formar o Nego Bira, temível em todas as bocadas da cidade. Mais imediatismo do que isso, não imagino.

[]´s
Big

Offline Gustavo-RJ

  • Global Moderator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.475
  • Votos: +5/-2
Re:Reflexões
« Resposta #21 Online: Julho 19, 2013, 08:40:23 »
Sensei Eros, temo que se decepcionará. Rs.

Minha sequencia de socos e chutes no saco foi adaptada para um cara que treina muito pouco e tem 53 anos de idade entretanto tem um biotipo maior que o da média.

Não tenho tempo e já tenho sequelas provenientes de eventos passados que me impedem de melhorar tecnicamente, logo viso uma eficiência do golpe, baseado no meu biotipo. Resumindo: Tenho que dar poucos golpes e que sejam fortes.

Se eu for lutar karate com Aghayev minha chance é óbviamente zero. Treino então para sair na porrada com alguem como ele, pois ai sim tenho chance devido ao diferencial do biotipo.

Espero sinceramente que vendo o video entendam meu ponto de vista, mesmo que não concordem com ele.
"Ai se eu te pego, ai, ai."
Gustavo-RJ

Offline BigBoy

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.245
  • Votos: +1/-0
Re:Reflexões
« Resposta #22 Online: Julho 19, 2013, 08:51:12 »
   Um. Só um dos dinossauros poderia fazer isso.

   Pedir para que o sensei Robson Maciel (versado em karatê e nas lutas "da moda") postasse um comentário sobre este tópico que tem tudo para chegarmos a um consenso, caso o papo seja franco e prático.

   Fico nessa, daí o homem chega aqui e posta "pôrra, cara, tu é chato pa car...."... hehehehe...

[]´s
Big

Offline muluk

  • Full Member
  • ***
  • Mensagens: 242
  • Votos: +0/-0
    • clube do karate
Re:Reflexões
« Resposta #23 Online: Julho 19, 2013, 09:10:10 »
Concordo com sensei Eros no que se refere ao exodo nas academias de karate.

Eu tenho tido muita dificuldade de novos alunos, pois as pessoas tendem a caminhar pela moda e tem sido a natureza humana seguir o fluxo. E no momento, com esse crescimento do MMA e a colocação de que a funcionalidade esta somente em JJ e MT, bem como a oferta de um treinamento com resultados rápidos para aqueles que vão praticar MMA, (que é nada menos que uma junção do JJ com MT de forma genérica, ou seja, não se aprofunda na ideologia do JJ nem do MT), acaba dessa maneira atraindo uma boa turma.

O cara quer chegar na academia e em um mês, ja quer está batendo, e sabemos que não teremos isso no Karate, que tem um trabalho mais longo.

Na verdade tudo é propaganda, na década de 80 a propaganda em volta do karate era grande pelos filmes e todos procuravam os dojos, queriam aprender karate, inclusive eu. Depois com adventos de medalha de ouro de Aurélio Miguel e outros, começava a procura pelo Judô, a capoeira também foi procurada, virou moda com a capoeira Brasil de mestre boneco e depois com a propaganda do Jiu Jitsu, familia Gracie, começou a procura. Hoje com o MMA, lotou mais ainda o JJ e também MT (que para mim continua sendo boxe tailândes).



« Última modificação: Julho 19, 2013, 09:12:46 por muluk »
Luis Fernando dos Reis
Faixa preta 2ºDan
www.facebook.com/luisfernando.reis1

Offline Gustavo-RJ

  • Global Moderator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.475
  • Votos: +5/-2
Re:Reflexões
« Resposta #24 Online: Julho 19, 2013, 09:21:48 »
   Um. Só um dos dinossauros poderia fazer isso.

   Pedir para que o sensei Robson Maciel (versado em karatê e nas lutas "da moda") postasse um comentário sobre este tópico que tem tudo para chegarmos a um consenso, caso o papo seja franco e prático.

   Fico nessa, daí o homem chega aqui e posta "pôrra, cara, tu é chato pa car...."... hehehehe...

[]´s
Big

Big,

Estou indo jantar com ele na terça que vem, darei seu recado.
"Ai se eu te pego, ai, ai."
Gustavo-RJ

Offline BigBoy

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.245
  • Votos: +1/-0
Re:Reflexões
« Resposta #25 Online: Julho 19, 2013, 09:39:35 »
Fala pra ele não me chamar de chato... nem similares..
Ele não pode maltratar um fã  :)

Offline Eros José Sanches

  • Full Member
  • ***
  • Mensagens: 206
  • Votos: +0/-0
Re:Reflexões
« Resposta #26 Online: Julho 19, 2013, 19:29:39 »
Osu, amigos.

Big, meu mano, não se aborreça com minhas arengas!  :D
Gosto do seu ponto de vista e estamos nessa reflexão, proposta pelo Gustavão, para buscarmos elucidações.

Olha só, você mostrou dados e isso é muito bom para buscarmos uma análise mais científica.
Eu continuo achando pouco, para uma grande cidade como Curitiba, seis estilos de lutas em treze academias. Outra coisa que tem que ser pesada é o preço e o quanto eram acessíveis para esse ou aquele público.

Quando eu digo "imediatista" eu me refiro à ânsia de assimilação dos praticantes. E refiro-me também, sem que isso seja demérito, às artes marciais que apresentam golpes com características de possuir uma assimilação mais rápida, quando comparados ao Karate-dō.

O Taekwondo, por exemplo: em sua "raiz" apresenta os mesmos golpes que o Karate-dō, porém, na escola do Mestre Kang (cujo discípulo Mestre Altair Ribeiro, é o responsável por seu ensino aqui nas Gêmeas do Iguaçu), essa arte marcial não exige muita proficiência técnica, com chutes sem Hiki-ashi, inexistência de socos e voltado exclusivamente para a competição. Um aluno que entra nas aulas, aqui na cidade, já está lutando nas primeiras aulas.

Já no Karate-dō, o paticante aprende a técnica e só vai adquirir proficiência técnica (Kime no golpe) no Nikyū. Agora no karatê competição, ocorre um fenômeno similar ao Taekwondo, o aluno entra e já está lutando para o campeonato. Faixa ele recebe segundo as categorias que melhor o posicionam nas competições. Testemunho alunos dessas academias que são faixas roxas, mas não possuem o menor conhecimento técnico para um Nikyū.

O que o amigo Maluk citou é a realidade para qualquer professor que ensina Karate-dō. São os novos tempos!

Gustavão,
a adaptabilidade do Karate-dō para os diversos biótipos (e idades) dos praticantes é uma das percepções que os grandes Sensei tem que possuir.
É possível praticar o mais tradicional Karate-dō, chutando Chūdan ou Gedan quando deveria ser Jodan. A técnica exige uma correspondência física, mas esta está subordinada a estrutura orgânica do praticante.
Eu admiro sua consciência em adaptar-se e não deixar que um paradigma falso (todo mundo tem que ser assim: flexível, rápido, e com o olho puxado), frustrasse sua exteriorização do Karate-dō.

Eu nunca treino para lutar indefinidamente. Em competição, certamente apanharia de todos aqui do fórum, o que dirá de Aghayev  ::)
Porém, treino para os meus objetivos, que são bem simples, como deve ser o Kumite.

Osu.
"A popularidade internacional alcançada pelo Karate-do é recente, mas essa é uma popularidade que os professores de Karate devem fomentar e usar com grande cuidado" (Gichin Funakoshi, 1956)

Offline Platão

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 271
  • Votos: +2/-0
Re:Reflexões
« Resposta #27 Online: Julho 19, 2013, 20:13:23 »
Não posso deixar de opinar em relação a desprestígio popular de algo.
O filósofo Kierkegaard já dizia: "Se vir a multidão indo para um lado, vá para o outro!". Isso já diz muito.
Se formos levar em conta a maioria, daqui a pouco estaremos: ouvindo funk dos "manos vida loka"; gritando o nome do Neymar; achando bonito ser um alcoólatra; assistindo a Rede Globo igual um alienado imbecil e etc. Portanto, usar a maioria como parâmetro não me parece um bom negócio.
OSS

Offline PSekiMG

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1.471
  • Votos: +1/-1
  • Não existe atitude ofensiva no Karate ― Shoto.
Re:Reflexões
« Resposta #28 Online: Julho 19, 2013, 23:52:05 »
Osu,

Imaginem a seguinte "guerra": o atual sistema de Karate no país (esse cheio de problemas) é o "exército" que mais cresce em números, embora sua qualidade seja medíocre; apesar de muitos neste fórum (e fora dele) possuírem vasto conhecimento na arte marcial e saberem utilizá-la com propriedade, não formam contingente necessário para uma batalha contra o mencionado "exército"; os que tentam, ficam fadigados e logo são capturados pelo atual sistema de karate no país...

... neste ponto, você tem duas opções: tenta ir de encontro ou esquiva-se dele! Outra opção não vem ao caso, pois é a dos que concordam que o rumo do Karate é esse mesmo e que devemos moldar as técnicas ao contexto atual...

... tô fora!  :-X :-X :-X

Osu.
A força física sem respeito nada mais é que força bruta, e para os seres humanos não tem nenhum valor ― Shoto.

Offline Gustavo-RJ

  • Global Moderator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2.475
  • Votos: +5/-2
Re:Reflexões
« Resposta #29 Online: Julho 20, 2013, 21:53:50 »
Sensei Eros, desculpa mas não teremos o video, parece macumba hehehe

Acabo de chegar do Hospital com o pé quebrado do treino de hoje. E ainda morri em 260 pratas de uma bota ortopédica.

Durante uma luta hoje, outro coroa, Edmundo, me quebrou o pé com um passa pé. Levantei o pé e ele me pegou no ar com o peito do pé contra minha faca externa (aquela do yoko). Resultado, estou na bota. Só rindo mesmo, pior que tinha levado tripé e filmadora. O tripé me serviu de muleta até chegar em casa.

Sai fora olho grande.
"Ai se eu te pego, ai, ai."
Gustavo-RJ