Meu amigo, esse é um debate longo, e não é aqui que vou tratar sobre ele, pois tem coisas que acho que fazem parte da cultura do Brasil que só servem de aio para o seu desenvolvimento, e acabará este se tornando outro tópico em que vão acabar por deixar de debater o assunto em pauta para debater meu carater e conhecimento. Já vi esse filme...rsO que estou tentando mostrar amigo, é que o que vejo é uma escolha seletiva e tendenciosa do que vai adotar ou não e depois ficamos destilando vaidades dizendo que seguimos as mais nobres tradições orientais. Ora, não preciso de muito esforço para lembrar que muitos aqui me questionaram de forma pesada por não adotar a saudação a Funakosh (uma tradição ritual tipicamente japonesa), mas que ao mesmo tempo esbravejaram por causa de um vÃdeo onde um sensei japonês metia a mão na cara do aluno (uma tradição comportamental japonesa).Pra mim, se quer defender um modo de vida, viva-o em sua integralidade e não em partes!Volto a usar-me como exemplo... naquele longo debate que tivemos sobre a menina que foi espulsa da academia, chegaram a dizer, "vc é cristão na igreja, na academia vc é karateca"... isso não existe! Eu sou o Alexander, e em todo o lugar em que eu estiver eu sou ao mesmo tempo tudo o que forma meu carater, meu comportamento e meus princÃpios. Logo, sou cristão em todos os lugares, e não só na igreja, pois tenho um comprometimento com o que eu prego! Compreende?Aproveitando para complementar minha resposta ao amigo Tsuki, outro motivo que vejo para o karate está como está, é o fato de que o karatê não é comercial no Brasil... não vende, não serve de vitrine para empresas, ninguém tem o interesse de patrocinar... por que? Porque nossos kimonos não podem exibir propagandas, nossos torneios são feitos em locais caindo aos pedaços, com tatames imundos, lutadores se amontoando na beira dos kotos.O karatê está repleto de tradições pela metade que não o deixam entrar por inteiro em lugar nenhum!O karatê tem que ter sim, kata, kihom (em todas as suas variações) e kumitê (em todas as suas variações). Agora se o cara faz saudação de joelhos, se o cara é budoca ou se é cristão, ou se o cara medita, isso não fará dele mais ou menos karateca, mas sim o quanto ele se dedica e como ele foca seus treinos, isso sim fará dele um karateca melhor. Sou ocidental, fui criado por famÃlia ocidental, em uma sociedade ocidental, que já cansou desse papo do "oriental vive assim"!Agora, respeito quem quer viver assim... só que assim como não quero que minha verdade seja a verdade de ninguém, também não quero que ninguém tente impor isso pra mim... o respeito faz parte do budo... ou estou errado?Um abraço!
Tsuki,Veja, não dá para comparar karatê com kendo...O Kendo no Brasil é uma arte treinada por + ou - 900 pessoas (fonte: http://www.kendopiratininga.com.br/hist5.html), enquanto o karatê tem milhões de praticantes espalhados pelo paÃs.Então nós temos um fenômeno econômico que explica o maior controle da qualidade e organização do kendo e a maior confusão do karatê. Quanto menor o grupo, menor os custos para organizá-lo, logo quanto maior o grupo maior são os custos para organizá-lo. Há um outro porém, quem deseja praticar kendo tem que desembolsar quanto? Pois bem, não sei sua realidade financeira, mas até o grupo que pratica o kendo é diferenciado!No karatê, vc tem todos os públicos para todos os tipos de professores, em todos os nÃveis de condições. Uns vão se superar, outros se acomodar... e por aà vai!Logo, vamos comparar com o judô... topa?rsrsrsrsUm abraço!
Tudo Tsuki, é uma questão de momentos... estar no lugar certo, encontrar as pessoas certas, e ter a disposição...Não é incomum no karatê quem tem menos condições, ganhar kimono, eu mesmo já doei um kimono para um colega por quem tinha muito respeito por ser tão dedicado... Mas veja, eu creio que você está confundindo companheirismo e amor a arte com cultura e tradição... Todos esses aspectos que você citou, você encontra nas demais artes, lógico que não dá para comparar o custo para fazer karatê com o que se tem para praticar kendo... tanto que o público é sim de maior poder aquisitivo, e os que tem menos condições que conseguem mostrar valor, que pode ser simplesmente o real interesse pela arte, acabam sendo ajudados pelos demais... isso é normal!Mas quanto a perseverança mental, no karatê também não é diferente... eu costumo falar com as pessoas isso, treinar karatê é chato... tem que gostar muito para ficar fazendo a mesma coisa a vida toda... e pior, sentindo dor muitas vezes (o que certamente acontece em toda arte marcial para aprender).Por isso, acho que não é o seguir as "tradições japonesas" que vai garantir nada, mas sim o quanto eu me dedico ao treinamento da arte!Mas valeu o debate... acho que foi bacana!
É possÃvel discordar com respeito e aceitação e é isto que deve ser. Aquilo que é consenso não precisamos debater, nossas dúvidas e diferenças sim.Congratulações! Tsuki e Alexander.OSU!