O delegado plantonista do 15º Distrito Policial, no Itaim Bibi, Ailton Camargo Braga afirmou que o lutador de jiu-jÃtsu e de vale tudo Ryan Gracie, de 33 anos, preso, nesta sexta-feira (14), sob acusação de roubar um carro e tentar roubar uma moto, deu várias explicações sobre os motivos que o levaram à prisão em flagrante.
"Ele deu várias versões. Disse que estava sendo perseguido e por isso roubou o carro. Depois falou que o pessoal da favela queria matá-lo", afirmou Braga. O delegado disse que, quando perguntou ao suspeito quem eram essas pessoas, Gracie disse que elas faziam parte de uma facção criminosa.
O advogado da vÃtima, Rodrigo Souto, disse que ele "estava meio fora do ar, não fala coisa com coisa. Continua achando que está sendo perseguido". Ele afirmou que pretendia entrar pedido de liberdade provisória.
Segundo Braga, várias vezes o suspeito disse que estava sendo perseguido e que alguém queria matá-lo, mas não falou o nome de ninguém que fosse um inimigo ou que realmente o houvesse ameaçado.
Os policiais militares que prenderam o lutador afirmaram que ele estava descontrolado e muito agressivo. "Ele não dizia palavras com palavras", afirmou o sargento da PM Luiz Antônio que participou da prisão do suspeito. Foram necessários dois policiais para algemá-lo.
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Na delegacia, por volta das 20h de sexta, os policiais estavam apreensivos com a reação que o lutador poderia ter quando fosse comunicado que ficaria preso durante o final de semana. Até então, Gracie não sabia que tinha sido autuado por um crime inafiançável.
Devido ao comportamento do lutador, a PolÃcia Civil pediu exame toxicológico para avaliar se ele estava usando algum tipo de droga no momento em que cometeu os crimes. "A atitude dele não é de uma pessoa normal. Ele está muito agitado. Então a gente trabalha com todas as hipóteses", afirmou o delegado.
O advogado do lutador disse que o suspeito informou que apenas "teria pego o veÃculo para fugir" da perseguição. Questionado se realmente havia alguém perseguindo seu cliente, Souto afirmou que "pelo visto, parece que não". O defensor informou ainda que a famÃlia de Grace está vindo do Rio de Janeiro para ajudá-lo.
Segundo o delegado, o lutador já tem outras três ocorrências de agressão registradas na polÃcia paulista e a última foi em 1996. Em uma ocorrência em 1994 ele chegou a ser preso. Em consulta ao Tribunal de Justiça, o nome do lutador aparece em um processo de 2006 por lesão corporal, ameaça, resistência, e embriaguez. O advogado de Gracie disse não ter conhecimento do processo. Quanto aos citados pelo delegado, o advogado afirmou que seu cliente foi absolvido em todos.
Roubo e ameaça
De acordo com policiais que atenderam o caso, Gracie foi preso por volta das 13h30 portando uma faca de cozinha. A PM informou que a seqüência de problemas envolvendo o lutador começou com a tentativa de roubar um Toyota Corolla, no Itaim Bibi, logo após ele ter saÃdo de casa.
Na fuga, ele bateu com o lado direito do pára-choque contra um banco de concreto na Avenida Henrique Chama. Logo em seguida, tentou roubar uma Fiorino branca e uma moto, quando foi detido no cruzamento da Henrique Chama com a Avenida Juscelino Kubitschek.
O motoboy Adriano da Silva Souza, de 29 anos, disse que o lutador o abordou e disse "desce da moto senão eu te mato". Souza contou que desceu da moto e entregou o veÃculo ao atleta, mas enquanto o lutador tentava ligar o veÃculo, outros motoboys se aproximaram e ajudaram Souza.
O motoboy disse que deu um golpe com o capacete na cabeça do lutador, que caiu no chão. Outros motoboys se aproximaram, imobilizaram Gracie e conseguiram pegar a faca que estava com ele. Pouco tempo depois, a polÃcia chegou e prendeu o suspeito.
Fonte: Globo.com (G1 - SP).