Tópico: “DECLARAÇÃO DE MASATOSHI NAKAYAMA O-SENSEIâ€�

[A. HIGINO]

OSS...

Muito já se ouviu falar sobre quem desenvolveu as várias formas de Kumitê no Shotokan e qual a origem dos nossos Kata.
Aqui posto a declaração do Masatoshi Nakayama O-Sensei com dados e datas especificas de cada período da evolução do Karatê desde 1932 ano em ele começou a praticar Karatê com Funakoshi O-Sensei.
...................

Esta frase dita por “Geesink� o primeiro ocidental a derrotar um campeão japonês de Judô impressionou o mestre Nakayama até o dia da sua morte:
“Os japoneses têm se dedicado para o estudo do JUDO competição. Eles têm dado extraordinários avanços para desenvolver contendores vencedores e times campeões. Eu, por outro lado, nunca treinei para competição em minha vida. Tudo o que tenho feito é treinar JUDO como uma filosofia de vida, exatamente como Dr. Kano disse. Enquanto os Japoneses estavam planejando estratégias competitivas, eu estava no Dojo, praticando fundamentos e KATAS. Eu derrotei o Japonês porque EU SABIA JUDO MELHOR QUE O JAPONÊS.

“O segredo é treinar todos os dias nos princípios. Isto o tornará invencível� (M. Nakayama O-Sensei).

Para aqueles que tiverem a paciência desejo uma boa leitura!

Texto traduzido por: Johannes Carl Freiberg Neto.


http://karlosdo.files.wordpress.com/2010/12/conversa_masatoshi_nakayama.pdf

[Farkatt]

Higino, Antoon Geesink foi um judoca extraordinário e muito mais fiel aos principios estabelecidos por Kano Sensei do que a imensa maioria dos "judocas" de hoje que só enxergam o lado esportivo e olimpico, lado que é o motivo da completa e total desfiguração do Judo de hoje.

Ainda não terminei de ler tudo, mas já quero citar esse trecho da entrevista com Nakayama sensei:

NAKAYAMA - Nós não mudamos um simples princípio básico em todos estes anos. O que nós temos encontrado através de nossas pesquisas é que, no todo, os princípios básicos de Mestre Funakoshi são corretos, fortes, e válidos à luz das evidências científicas. Quando eu digo que deve haver mudanças, quero dizer que com o advento dos torneios, nós temos que encontrar a maneira de mudar para que as técnicas possam ser usadas em competição.Mas bases são bases, e nós não devemos mudá-las. Muitos indivíduos têm iniciado mudanças, mas suas atitudes são erradas e inaceitáveis. Muitos, por exemplo, têm criado uma noção errada que competição é tudo, e só treinam com o propósito de vencer a competição. Isto está absolutamente errado. O KARATE de Mestre Funakoshi se baseia no desenvolvimento de fortes bases técnicas primeiro, através do KIHON e KATA, e usa o KUMITE para testar as técnicas uns com os outros. Nenhuma outra idéia é tida como parte deste princípio.Veja, antes de Mestre Funakoshi morrer, eu comecei a pesquisar a idéia de desenvolver torneios, ou – KARATE esporte -. Mas quando eu perguntei ao Mestre Funakoshi sua opinião, ele se recusou a comentar. Ele estava preocupado, veja você, que se os conceitos de torneio se tornassem muito populares, então os estudantes poderiam abandonar os princípios básicos e praticar somente para as competições. Ele sabia que nós teríamos as competições e que seriam importantes para a internacionalização do KARATE, mas ele queria isto claramente entendido, que a coisa mais importante seria sempre o treinamento básico. Por isso que enquanto tenho sido o Instrutor da Japan Karatê Association, o treinamento tem sido sempre centrado ao redor dos princípios básicos do Mestre Funakoshi, KIHON, KATA e KUMTIE. Fortes bases primeiro, torneios depois.

[Farkatt]

outro trecho... os grifos em vermelho são meus...

A primeira coisa que eu vi na China foi o Boxe Chinês! De primeira, eu não fiquei muito impressionado com as artes Chinesas como método de luta. Eles enfatizavam movimentos circulares, e eles não tinham KIME (foco) como KARATE japonês, então eu pensei que eles eram fracos.Com o passar do tempo, penso, eu aprendi que as artes Chinesas tinham grande valor. A história da China longa e profunda, e assim a história de suas artes marciais. Uma vez vi um instrutor receber um quebramento de braço do que parecia ser um golpe suave, um bloqueio circular, e eu decidi que deveria ver com mais profundidade as artes marciais Chinesas, e comece a estudá-las, e continuei por aproximadamente 10 anos.Treinei muito com diferentes instrutores, e desde que eu também ensinava KARATE, uma arte que eles nunca tinham visto, muitos instrutores vieram para conhecer mais profundamente a arte.

...

... a filosofia do homem esta em busca da perfeição do caráter através da expressão física, o que, para mim, é a coisa mais importante.E por favor não me interprete mal: Eu não estou dizendo que as artes Chinesas são ruins. Eu treinei por longo tempo com um velho sifu de 80 anos de nome Pai (um famoso boxer de Peking) que era absolutamente extraordinário com as pernas. Ele parecia ser capaz de enrolar suas pernas ao redor de um ataque de braço, e seus movimentos de defesa eram maravilhosos. Como resultado dos estudos com ele, eu desenvolvi dois novos chutes os quais foram incorporados nas técnicas de KARATE por Mestre Funakoshi quando eu retornei para o Japão. Um foi o chute empurrado ou bloqueio com a sola do pé ou a parte inferior da perna, e o outro o chute circular reverso.

[Farkatt]

parei de citar... alias nem deveria ter começado... recomendo que leiam logo o texto todo...

com calma...

[rapha.m.g]

Excelente... Excelente MESMO.

[PSekiMG]

Oss,

Pequeno trecho da 25ª pergunta:

"Se um estudante freqüenta um bar onde brigas ocorrem regularmente e ele é subitamente solicitado a usar suas técnicas de defesa-pessoal, então ele não entendeu o significado de KARATE NI SENTI NASHI. De verdade, ELE iniciou a briga porque ele sabia que a confusão era comum, e poderia ter evitado o conflito totalmente se ele simplesmente não fosse lá".

Fonte: http://karlosdo.files.wordpress.com/2010/12/conversa_masatoshi_nakayama.pdf

Oss.

[rapha.m.g]

Os japoneses têm se dedicado para o estudo do JUDO competição. Eles têm dado extraordinários avanços para desenvolver contendores vencedores e times campeões. Eu, por outro lado, nunca treinei para competição em minha vida. Tudo o que tenho feito é treinar JUDO como uma filosofia de vida, exatamente como Dr. Kano disse. Enquanto os Japoneses estavam planejando estratégias competitivas, eu estava no Dojo, praticando fundamentos e KATAS. Eu derrotei o Japonês porque EU SABIA JUDO MELHOR QUE O JAPONÊS

resolvi ressucitar esse tópico, peço desculpas caso tenha atrapalhado a dinâmica do fórum...

mesmo tendo lido há um tempo essa entrevista e não sendo do shotokan, me fez refletir muito...

acho essa questão do não-aprofundamento muitíssimo típica nos dias de hoje... é curioso ver isso em estudantes, principalmente... "estratégias" para passar no vestibular... "estratégias" para se concluir o curso e conseguir um diploma... "estratégia" pra ser aprovado em exames e concursos...

[rapha.m.g]

isso tudo é tão pequeno... e tão comum... tanto se critica o karate esportivo, que descaracteriza a arte marcial, mas começo a ver como um problema do todo... o conhecimento em si, pra mim, começa a fazer com que as pessoas pareçam empregados de linha de produção: cada um conhece só um pouco, o suficiente pra exercel um papel muito específico e pré-delimitado... a idéia de que todo o conhecimento possível possa ser utilizado parece distante da realidade da maioria das pessoas, assim como o karate, de maneira aprofundada...


pelo amor de Deus, não quero parecer entendedor de karate... sou só um dangai, de graduação muito baixa... só estava refletindo a respeito e resolvi ressucitar um tópico, compartilhando alguns pensamentos bobos   

Osu!

[PSekiMG]

Oss,

Rapha.m.g

Não há problemas em ressuscitar um tópico tão rico em informações como este, principalmente quando inseridas citações verídicas de M. Nakayama Sensei.

A questão do aprofundamento de conhecimento, hoje em dia, tornou-se uma questão muito delicada. Veja pela ótica da medicina: tudo bem existir especialistas em determinados tipos de procedimentos, tratamentos, cirurgias; mas hoje, POR EXEMPLO, vemos ortopedistas que apenas tratam do joelho esquerdo. O direito é com outro especialista!

Da mesma maneira, com a crescente visão competitiva do Karate, surgem Karatecas especialistas em determinados tipos de golpes, sequências estratégicas ou mesmo peritos em um Kata específico.

Acredito que cada um aqui do fórum se sinta mais à vontade ao realizar aquele Kata favorito. talvez por ele ser parecido com sua personalidade ou mesmo porque as técnicas contidas são mais versáteis. Enfim, cada um tem sua justificativa, mas não é por isso que deixará de praticar outros Kata! Pelo contrário! Acho que é exatamente aquele Kata mais chato que devemos praticar até a exaustão!

Isso foi apenas uma ilustração do meu pensamento...

Oss.

[rapha.m.g]

PsekiMG

Achei desperdício de um bom tópico, deixar este esquecido.

Acho que é exatamente aquele Kata mais chato que devemos praticar até a exaustão!

concordo com tudo o que disse, com ênfase nessa parte... me levou a refletir essa questão do médico... quando começa a especialização, depois de conhecer o todo, e quando começa a especialização, quando você ignora o todo e foca em uma só parte... realmente delicado... mas ainda acredito, infelizmente, no que eu disse...

[PSekiMG]

Oss,

mas ainda acredito, infelizmente, no que eu disse...

Rapha.m.g,

Desculpe,
mas em que você acredita?

Não compreendi direito.

Oss.

[bruno_leite]

Concordo com tudo o que disse, com ênfase nessa parte... me levou a refletir essa questão do médico... quando começa a especialização, depois de conhecer o todo, e quando começa a especialização, quando você ignora o todo e foca em uma só parte... realmente delicado... mas ainda acredito, infelizmente, no que eu disse...

Isso me lembrou uma frase que escutei certa vez:
"O homem está ganhando cada vez mais, para saber cada vez mais sobre cada vez menos", ou seja, é o especialista "pós-Doc" em apertar o parafuso de uma peça distinta, que é o chefe, e o que sabe de tudo um pouco é o seu peão.

[rapha.m.g]

Desculpe,
mas em que você acredita?

Não compreendi direito.

PsekiMG,

me expressei mal usando o termo "acredito", acho que deu um caráter de fé... retificando, substituo o termo "acredito" por "observo"...

me referi a essa parte em questão:

acho essa questão do não-aprofundamento muitíssimo típica nos dias de hoje... é curioso ver isso em estudantes, principalmente... "estratégias" para passar no vestibular... "estratégias" para se concluir o curso e conseguir um diploma... "estratégia" pra ser aprovado em exames e concursos...

e lembrei de uma amiga da minha mãe, contando que o marido engenheiro dizia ao filho que história e geografia não serviam pra nada... e refletindo a respeito, penso comigo: o conhecimento do relevo é fundamental a um egenheiro eletricista e o conceito de robôs, foi desenvolvido por Da Vinci com "engenhocas" mecânicas baseadas em molas... que se referem a geografia e história, respectivamente... esse é o tipo de pensamento que tentei enfatizar, do aperfeiçoamento em algo, abdicando de outras coisas fundamentais pra isso...

Osu!

[PSekiMG]

Oss,

Rapha.m.g,

Agora compreendi perfeitamente!

No âmbito acadêmico, o aprofundamento científico em determinado tema de uma área específica é de extrema importância quando traz consideráveis avanços ao nosso conhecimento. Veja só um pesquisador do Genoma Humano: ele passa anos tendo como objeto de estudo apenas uma combinação química dentre 3 bilhões de pares contidos no gene humano! Neste tempo, algumas coisas tornaram-se irrelevantes para o seu cotidiano científico, mas mesmo assim são extremamente ligados aos acontecimentos históricos, geológicos, filosóficos etc. Há uma grande diversidade de temas que se relacionam diretamente com a pesquisa em questão. E desta forma eu vejo um bom aprofundamento! Com consciência e objetividade em virtude de mais conhecimento.

Infelizmente existem os que se limitam num tema, crendo veementemente que estão se "aprofundando" no assunto ou que são "especialistas"  - e isso é completamente diferente!

Digo-lhe que há sim "especialização",
mas não é por isso que os demais aspectos exteriores ao nosso foco não nos sejam importantes!
Até mesmo porque o mundo dá voltas e,
um belo dia,
vai que aquele conhecimento "desnecessário" acabe por salvar sua vida.

E desta forma,
pensando no nosso Karate-Do,
não vejo diferença.

Karate-Do é arte,
auto defesa,
um modo de vida,
doutrina para além do Dojo,
história e cultura etc.

Karate-Do é um mundo!

Não vejo como ser especialista em um determinado aspecto do Karate-Do.

Antes mesmo do M. Nakayama Sensei ressaltar alguns importantes lembretes sobre nossa arte marcial, O-Sensei G. Funakoshi já dizia que o Karate-Do é um Modo de Vida - é bom pra saúde, pra cabeça, pro coração, para o espírito, para o lar, para o convívio social etc. Quero dizer: Karate-Do é realmente um mundo! Ser especialista em técnicas (ou aspectos do Karate) "A", "E","F" e "Z" é ser preguiçoso!

E bem disseram em suas colocações os colegas Bruno_Leite e Rapha.m.g.

Oss.