Autor Tópico: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa  (Lida 35479 vezes)

Offline Ricardo Borges

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #105 Online: Janeiro 18, 2008, 16:34:44 »
Sensei,

Muito maneiro o filme. Espero voltar logo a treinar, estou precisando muito mesmo.

Voltei a trabalhar em regime de plantão 24 x 72 horas, estarei de plantão amanhã. segunda vou dar uma passada lá para ver o treino.

Paz e amor,

Ricardo
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Offline Avi

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #106 Online: Janeiro 18, 2008, 16:54:29 »
Provavelmente pela formalidade dos katas nas artes marciais terem que ter um bunkai, um proposito, uma aplicação não deve existir no kobudo esses maalabarismos



ou tem?

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Offline Troyman

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #107 Online: Janeiro 18, 2008, 20:25:45 »
Avi

Esse é exatamente o tipo de malabarismo que não pode haver no Kobu-Do.  Não há o menor compromisso com a efetividade de ataque e defesa.  Se você reparar bem vai ver que os Nunchakus do garotão são de borracha, para ficar mais leve e dar a impressão que gira mais rápido.  Num kata de Nunchaku real de Kobu-Do você até pode fazer de três a cinco giros seguidos mas o objetivo é só manter o oponente afastado.  Soltar o Nunchaku jamais!

Ricardo

Ontem fizemos um treino ótimo no Aterro, eu, o Szczerbacki e o Ferreira.  Aproveitamos para treinar com o Sai.  Amanhã o treino vai estar concorrido.  Aparece lá na Staff.

Saudações   :)   ;)   8)
ACTroyman
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Offline yama

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #108 Online: Janeiro 19, 2008, 02:14:48 »
Oss

Sobre o video:

Ele é muito lento,as posturas são diferentes do Shinshukan.

Mestre Shinzato com todos os seus problemas de saúde se apresentava de maneira singular.

Seu ninchaku é diferente também meio curvo,não o achei nada eficiente,o Sensei canadense.

O cara do nunchaku do video do Avi é habilidoso,gostaria de ve-lo por em pratica suas rotações.

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yama-Alberto S. Almeida

Offline Avi

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #109 Online: Janeiro 19, 2008, 05:08:01 »
Sensei troyman

Eu pra ser sincero assim como meu grande amigo yama tambem nãi fiquei muito impressionado com o kata apesar de nao ter a pratrica que voces tem, confesso que minhas habilidades são parecidas com as do video que postei e assumo a ineficacia dos malabarismos, mas como adoro nunchakus desde moleque e inclusive possuo uma pequena coleção gostaria de ver algo diferente, talvez um outro tipo de kata ou kihon, tem algo na net pra gente ver?

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Offline yama

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #110 Online: Janeiro 19, 2008, 06:54:34 »
Oss Avi

Kata de nunchaku chato e complicado é o Nunchaku Sanban,este exige um pouco mais de habildade e há uma troca constante de posturas defensivas e ofensivas muito interessantes.

Um cara bom praticando que não é o meu caso fica bonito e eficaz.

Tanto o Maezato No Nunchaku e Nunchaku Kihon Kata da linha Shinshukan do Mestre Shinzato não são Katas complicados,excelentes para treinar força/equilibrio/agilidade e precisão de batidas.

O que se exige no Kobu-do não é malabarismo e sim precisão,não adianta ficar girando ou rodando qquer arma só para impressionar,é preciso fazer bom uso qdo necessário :D :D :D :D é excelente ter habilidade e aproximação com a arma,mas melhor ainda é acertar o alvo qdo preciso ou usa-las como terapia para relaxar dos sustos diários..... ::) ::) ::) ::)

Como o Mestre havia proibido a comercialização de videos de katas Shorin e de Kobu-do sempre fica difícil mostrar uns caras bem habilidosos como o Gilson Sensei,de Cotia,Gabriel Sensei,de Santos,Marcos Teixeira Sensei,temos um garoto Gabriel que é bom pacas e outro do Guarujá também excelente e outros nas suas performances,mas vamos tentar fazer isso ainda,qdo for autorizado.

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Offline Troyman

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #111 Online: Janeiro 19, 2008, 10:20:44 »
Yama

Esse canadense que aparece fazendo o Maezato-no-Nunchaku é o Donald Shapland, de Vancouver.  O seu Kobu-Do também é originário do Shinken Taira, mas como cada linha tem sempre um pouco de variação (graças a Deus), daí as posturas serem um pouco diferentes.  Nesse kata de Nunchaku realmente ele parece estar um pouco lento (tem um outro kata dele com o Eku, o Chikin Eku-di, que é bem melhor), mas pode ser que Nunchaku não seja a arma preferida dele.  Quando eu coloquei o vídeo do Maezato-no-Nunchaku, eu queria mesmo era chamar a atenção para o fato de muito pouca gente fazer este kata.  Por exemplo, o Fumio Demura, que também foi aluno do Shinken Taira (já está quase 100% provado que Taira e Maezato são de fato a mesma pessoa), não aparece em lugar nenhum (pelo menos na Web) fazendo este kata.

Quanto aos katas de Nunchaku da Shin Shu-Kan, realmente o Nunchaku San-ban é bem complicado, mas não concordo que seja chato.  É um kata que exige do praticante um pouco mais de habilidade, mas, ao praticá-lo, essa habilidade vem com o tempo.  Esse kata é o que mais aparece em outros estilos de Kobu-Do (os Mestres Mikio Nishiuchi e Zenei Oshiro, ambos egressos do Matayoshi-Ryu, o fazem com ligeiras modificações).  O Nunchaku Kihon-gata é originário do Shorin-Kan (do Grão-Mestre Shugoro Nakazato) e é um kata básico bem interessante, apesar de que não tem muita variação de movimentos, mas tem uma boa mudança de angulação.  Agora, que história é essa do Sensei Shinzato ter proibido a comercialização de vídeos de kata de Karate-Do Shorin-Ryu e de Kobu-Do Shin Shu-Kan?  Apesar de admirar muito o Mestre Shinzato, realmente sempre achei muito ruim o fato de não ter livros e vídeos de kata do nosso estilo (a impressão que me dá é que o Mestre não queria perder o controle das técnicas, não no sentido de manter a hegemonia do estilo, mesmo porque isso jamais aconteceria com ele, mas no sentido de forçar os praticantes a estarem sempre em contato com ele para reciclar, por isso ele, de tempos em tempos, modificava alguns detalhes de kata e, se o cara aparecia fazendo um detalhe na forma antiga, ele já sabia que aquele cara não estava reciclando).  Veja agora, com a morte do Sensei, como é que vai ficar a padronização dos katas?

Avi

Pô, cara, justo agora que eu estava me acostumando com aquele avatar, vc vai e muda?! 

Vídeos de Nunchaku na Net tem de montão, basta entrar no Youtube e digitar "nunchaku" e mandar buscar, mas pode estar certo que vai aparecer um monte de vídeos picaretas, mas também vai aparecer um bocado de vídeos legais.  Agora, se vc quer aprender Nunchaku de verdade é melhor entrar para uma academia de Kobu-Do credenciada.  Se vc mora em SP, tem a academia Jin Bu-Kai do Sensei Flávio Vicente, lá na Vila Carrão.  Se vc mora em Santos, não preciso nem dizer onde treinar.

Saudações   :)   ???   8)
« Última modificação: Janeiro 19, 2008, 12:16:55 por Troyman »
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Offline yama

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #112 Online: Janeiro 19, 2008, 18:20:18 »
Oss Troyman Sensei

Qdo falei que o kata era chato,foi no sentido dele ser exigente eu gosto muito dele,pelas suas variações em pé,ajoelhado,equilibrio em uma perna só,pegadas pelas costas,bloqueios,ele é bem agressivo como deve ser .

Qto a proibição em conversa certa vez com Masahiro Sensei ele me disse sobre a padronização que devia ser feita como Sr. mesmo concluiu,todos deveriam estar sempre no Honbu Dojo,para contacto com o Mestre e seguir a mesma linhagem e que as gravações seriam disvirtuadas abrindo mais variações dos mov.

_____Sobre YARI

Uma pergunta ??? ??? ??? ???

No livro "Almaque dos Samurais" de Stephen Turnbull ele cita e mostra um desenho de Yari (lanças) de 7 tamanhos diferentes de vários daimyô (pag 167).

Por que tanta variação ???

As Yari tinha quase de 2 a 3 vezes o tamanho dos ashigaru nagae-yari( lanceiros), tudo bem que eles treinavam com estas armas para poder usar em combates de morte,mas qual a finalidade em si:

 --só contra cavaleiros  ???
 --defesas em linha  ???
 --alcance de distâncias ???

Oss
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Offline Troyman

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #113 Online: Janeiro 20, 2008, 11:59:19 »
Alberto

Com relação aos Yaris, essas são armas da terra principal do Japão, não de Okinawa, embora pudessem haver por lá algumas versões muito parecidas, afinal, lanças são encontradas em quase todas as civilizações.  Como vc mesmo colocou, eram lanças de guerra que foram, junto com as espadas, proibidas de serem portadas quando das interdições pelos reis de Okinawa e, posteriormente, pelos japoneses invasores.  Não sou especialista neste tipo de armas, mas acredito que eram desenvolvidas com finalidades específicas de acordo com os diversos tamanhos.  Para vc ter uma idéia, o Nunchi-Bo (Bo com um Manji-Sai na ponta) era um harpão de pesca muito usado nas ilhas Ryu Kyu.  Assim como o Eku, a sua manipulação foi adaptada apartir do Bo (lembra aquele vídeo do Sensei Shinzato fazendo demonstração de Nunchi-Bo? ele está executando exatamente o kata Tsuken-Bo).  Se no lugar de usar um Nunchi-Bo, vc usar um Yari, acho que o resultado não será muito diferente, apenas não podendo usar os movimentos que tiram partido dos ganchos curvos em S.  De qq forma, acredito que existam na terra principal do Japão locais onde a luta com Yaris seja praticada de forma mais específica.

Saudações   ;)   8)
« Última modificação: Janeiro 20, 2008, 22:24:28 por Troyman »
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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #114 Online: Janeiro 20, 2008, 12:11:23 »
Alberto

Aproveitei para dar uma busca sobre esta referência do Stephen Turnbull na Web e, confesso, me parece uma excelente obra.  Vou correr atrás dela, não só pelas descrições das armas daqueles guerreiros, mas, principalmente, pela lista das antigas famílias samurais do Japão medieval.  Valeu mesmo!

PS.:  Aliás, já comprei!

Saudações   ;)   :)
« Última modificação: Janeiro 20, 2008, 22:28:20 por Troyman »
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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #115 Online: Janeiro 28, 2008, 00:28:13 »
Oss Troyman Sensei

obrigado por mais estas informações....

No mesmo livro além das famílias de samurais, que só são levado em conta os nascidos na ilha maior, tem um capítulo interessantíssimo sobre o Seppuku que gostaria de dividir com todos que não tiveram a oportunidade de ler.

Oss
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Offline Simoes

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #116 Online: Janeiro 28, 2008, 01:51:45 »
Sensei Troyman e Sensei Alberto,

Quero pedir desculpas pelo que vou postar, mas já que o "papo" caiu para os Yaris vou colocar um texto super interessante que li na web um tempo atrás.


"Como é sabido, quando se examina uma espada japonesa a última coisa que é olhada é a assinatura do fabricante. Todos nós sabemos como é tentador passar por cima dos primeiros passos e, tendo encontrado uma assinatura, correr para olhar um livro de nomes e assinaturas para ver se o autor. ou melhor, a assinatura, consta da lista.

Não foi isto o que nos aconteceu há alguns meses atrás. Fomos contatados por um senhor de idade avançada que nos apresentou uma espada, de sua propriedade, para ser examinada. Seguindo o procedimento-padrão de "kantei" (análise de espada), examinamos a forma da lâmina, sua estrutura, têmpera e finalmente o "nakagô" (parte da lâmina que fica inserida na empunhadura). Até aqui, haviamos chegado a poucas conclusões: a partir da forma, a espada parecia uma "KEITCHÔ SHINTÔ" (espada nova da Era Keitchô: c. 1600 ) mas o "yokote" (linha divisória da ponta) estava obviamente mal colocado. Notava-se também uma curvatura tipo "sakisori" (de ponta) um tanto exagerada. A estrutura de superfície ("hada") era tipo "ko-itamê", com uma cor esbranquiçada que lembrava um pouco o tipo de "pele" das espadas de Kyushu. A assinatura estava bem cinzelada com uma bela caligrafia (ver oshigata 1) e se lia: KIKUCHI ENJU TATSUKUNI. Contudo, este nome não constava em qualquer dos nossos dicionários de nomes (e temos muitos!). Então, quem teria sido este Kikuchi Tatsukuni?

O proprietário (que preferiu manter-se anônimo) esclareceu-nos a questão. A espada havia sido feita por um "espadeiro" japonês em 1946, quando ele já tinha 70 anos de idade. Sim, todos nós sabemos que a produção de espadas japonesas foi proibida durante os anos de ocupação norte-americana do pós-guerra, porém isso não havia impedido esse espadeiro de trabalhar. Vejam, ele havia emigrado para o Brasil 14 anos antes. A espada havia sido feita no Brasil!

De acordo com informações fornecidas pelo proprietário da espada, o "espadeiro" teria nascido no ano de 1876 (ano em que se proibiu o uso de espadas no Japão, por édito imperial do Imperador Meiji) e havia sido de uma muito tradicional família de "espadeiros". Provavelmente, tentou ser um "espadeiro" mas havia falhado.... O fato é que veio para o Brasil como produtor de artefatos e implementos de ferro para agricultura. Nos foi dito também que tais implementos agricolas podiam ter formas estranhas e eram muito afiados. Nosso informante não sou dizer o nome desses implementos em português, e também tinha dúvidas de como seriam chamados em japonês.... Naquele momento, não demos muita importância a esses detalhes. De acordo com o proprietário, aquela espada havia sido uma das poucas que o "espadeiro" fabricou, sob encomenda (era sabido que como esta havia uma outra mais curta, tipo "wakizachi" ,de tamanho médio que teria ido para o norte do Paraná e da qual não se tem mais nenhuma notícia

Oshigata 1

O "espadeiro" também fez a "tsuba" (guarda) que está montada com a espada. Nessa "tsuba" está gravado um poema e por esse poema está muito claro que ele nunca havia acreditado, ou aceitado, o fato da derrota Japonesa na 2a. Guerra Mundial (ver Oshigata 2)

O fato de que alguns "espadeiros" japoneses imigraram para o Brasil é por nós conhecido. De fato conhecemos dois deles, que tem atualmente mais de 70 anos de idade(Nota dos Autores: em 1989): o Sr. YOSHISUKE OURA (N. dos A.: falecido em 2000), cujo nome artístico é SUKEMUNE, e o Sr. KUNIO ODA (N.dos A.: falecido em 1992), cujo nome artístico é KUNIHIRO.

Uma das coisas que é diferente na espada que examinamos, em relação às espadas produzidas pelos dois senhores acima mencionados, é a forma ("sugata") da lâmina. Tanto o Sr. Oura quanto o Sr. Oda produziram espadas com a forma mais comumente encontrada nas espadas militares da 2a. Guerra Mundial, com forte curvatura e algum "funbari" perto da empunhadura e então continuam com os dois lados e dorso e corte quase paralelos (ambos declaravam procurar a forma das espadas de Bizen, com curvatura no primeiro terço).

Oshigata 2 (Para tradução do poema gravado na tsuba, veja final do artigo)

A outra diferença era na estrutura da superfície dessa espada : os reflexos esbranquiçados eram muito diferentes daquelas dos dois últimos "espadeiros".. Isto sugeria que os dois "espadeiros" citados poderiam ter sido treinados nas academias militares do Japão enquanto que o primeiro, sendo bem mais velho, pudesse ter sido treinado na sua própria família. Era entretanto um certo desapontamento não podermos situá-lo em nenhuma escola particular. Procuramos sob o nome Kikuchi e sob o nome Tatsukuni e, se bem que achassemos dois "espadeiros" modernos sob o nome de Kikuchi, não encontramos nenhum traço ou evidência que os ligasse a este "nosso" Kikuchi.

O proprietário da espada porém insistiu que o espadeiro afirmava pertencer a uma importante linhagem não só muito antiga mas também ligada a Massamune e Nobukuni.

Um ou talvez dois meses mais tarde, tivemos a oportunidade de ler um artigo da NBTHK na revista Token Bijutsu cujo título era "KIKUCHI YARI" (Lanças Kikuchi). Neste artigo vinha descrita uma linhagem de "espadeiros" famosos que produziram "Yaris" (lanças) e de fato conectados a Nobukuni. Essa linhagem é também descrita na enciclopédia "Nippon-Tô Koza", Vol. 1.

A partir desses artigos ficou claro que realmente havia existido uma linha de "espadeiros" de nome Kikuchi, com um ramo vivendo no vilarejo chamado ENJU. Agora sim, o que estava escrito como assinatura ficou claro e justificado. O "nosso" KIKUCHI tinha razão quanto à sua origem e isso explicava duas coisas: um "yokote" fora de lugar e uma acentuada curvatura de ponta ("sakisori"). De repente, o que havia sido suspeitado tornou-se claro: esta espada havia sido feita como um "NAGAMAKI" e não como "KATANÃ". Por isso o "yokotê" deve ter sido posto depois e fora de lugar. A forma dessa lâmina é muito parecida com uma versão alongada da ilustração de um "yari" (o do meio) da página 161 do Vol. 1 da enciclopédia "Nippon-tô Koza". A partir desse momento tornou-se claro que o "implemento agricola" era nada mais nada menos que um "Kama-Yari". Um outro livro que ilustra esse tipo de Yari é o "Japanese Polearms", de Knudsen.



Típica lãmina de "nagamaki", que também poderia se chamar "espada-lança". É uma forma pouco comum de espada japonesa do Período Nambokucho, especificamente entre 1400-1450. Esta é apenas similar aquela analisada pelos autores, a qual não tinha o sulco. "Nagamakis" foram muito usados no Japão feudal pelos famosos monges-guerreiros.

A comunidade nipo-brasileira está comemorando este ano (Nota dos Autores: em 1989) o seu 80º aniversário da imigração. Não sabemos exatamente quantos vieram, porém o número de ferreiros japoneses foi importante, não só se falarmos de "espadeiros". Isso aponta a importância da manufatura de espadas mesmo durante o período difícil desde 1876 até 1945.

Quando afirmamos que o Sr. Kikuchi tinha tentado ser um "espadeiro" e eventualmente falhara no seu intento estávamos errados e agora podemos até pensar que isto não é correto: "espadeiros" e produtores de "yaris" (lanças) perderam sua função após o "Hai-Tô-Rei" (lei da proibição de uso de espadas) e, no entanto, o Sr. Kikuchi conseguiu superar seus problemas transformando sua arte na produção de instrumentos agricolas, pacíficos e extremamente úteis. Ele veio trazendo consigo a intenção de ajudar seus compatriotas em um ambiente novo e desconhecido. Seus inimigos não eram mais outros homens mas sim a vegetação tropical... E ele venceu!

Observação: o poema gravado na "tsuba" da espada é um clássico japonês de autoria de Motoori Norinaga, do século 18, que se lê "SHIKISHIMA no YAMATO-GOKORO wo HITO to WABA ASAHI ni NIOU YAMAZAKURABANA", cuja tradução é: "se quisermos falar, em uma palavra, do sentimento japonês (podemos dizer) é o perfume matinal das flores de cerejeira da montanha", conforme citado no livro "Les Samourais" pág. 329, dos autores Jean Mabire e Yves Breheret, Editora Ballard, Paris- 1972."


Fonte: Site http://knifeco.ppg.br

Offline yama

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #117 Online: Janeiro 28, 2008, 10:21:43 »
Oss


E  ele ainda vem pedir desculpas pelo excelente texto,é brincadeira ,me ensina  e ainda pede desculpa,o homem é bom mesmo,imaginem qdo não pedir o que vai nos trazer...

Oss Fernando Sensei


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Offline Troyman

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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #118 Online: Janeiro 28, 2008, 11:44:36 »
Sensei Simões

Bom ler o seu post.  Bastante interessante o que vc esvreveu.  O Yama colocou a questão dos Yaris e apontou a referência do Stephen Turnbull, a qual comprei pela Internet mas ainda não recebi.  O assunto sobre as armas dos samurais é assaz interessante, mas eu não estou muito familiarizado com ela a ponto de opinar como vc fez.  É bastante instigante a questão do "espadeiro" Kikuchi estar ou ter estado no Brasil e ter empregado suas habilidades na confecção de implementos agrícolas.  Quando tiver um pouco mais de conhecimento sob o assunto vou postar mais incisivamente.  Valeu!

A propósito, quando é que vc vai nos fazer uma visita lá na Staff?

Saudações   :)
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Re: Kobu-Do - A Arte das Armas Antigas de Okinawa
« Resposta #119 Online: Janeiro 28, 2008, 23:02:41 »
Sensei Troyman e Sensei Alberto,

Já que vocês gostaram do texto segue fotos da tal espada-lança para uma melhor visualização do mesmo.

Tsuba da espada com o poema gravado

Hada da espada com o nome do espadeiro que a fez

A espada lança, veja como é diferente das katanas