Resumo da Entrevista com Sensei Peté por Maria Camarão.
José Manuel Machado Gomes Pacheco, mais conhecido por “Peté” Pacheco, é uma
das referências máximas do Shotokan em Portugal. O mais alto graduado
nacional pela JKA – 7º dan. Treinador de Nível III , treinou e conviveu com
nomes como Nakayama, Kanazawa, Enoeda, Miyazaki e muitos outros. Esteve
durante duas longas estadias no Japão. Frequento o curso de Instrutores da
JKA e tem laços familiares no Japão.
Do alto dos seus 57 aos vemos um homem que tem muito para ensinar, sobretudo
a gentileza, a afabilidade e o saber estar para o fazer. Este é José Manuel
Machado Gomes Pacheco, ou “Peté”.
Quando começou a praticar karaté?
- Comecei a interessar-me pelo karaté nos finais dos anos 60. Estava no
ISCEF. Instituto vizinho da Casa da Mocidade Portuguesa, onde tinha começado
a ser dado Karate por três instrutores, Afonso Lopes Vieira, Virgílio Cunha
e Carlos Antunes Pereira. O Afonso era meu colega em Económicas e levou-me a
treinar lá, ficando eu, a pouco e pouco, com o “bichinho” no corpo e
conduzindo-me para uma opção de vida.
Como foi a sua viagem para o Japão? É verdade que se contam várias
peripécias…
- Em 72 parti para o Japão, juntando a escolha feita, á necessidade de
viajar e ver outros locais. O facto do Karate vir do Japão levou-me
entusiasticamente para lá acompanhado pelo Afonso e o Vilaça Pinto.
Não fomos directamente; ainda andámos na Bélgica uns meses a trabalhar e a
ganhar dinheiro para uma passagem aérea para Tóquio. Claro que houve muitas
peripécias por que passámos. Elas até começaram logo na concepção da viagem,
que programámos que se faria de carro até Tóquio. Imagine-se!
Em Bruxelas, treinávamos no Dojo do Sensei Miyasaki, na Rue Lesbroussard,
ajudámos a construir os seus makiwaras, participámos nas festas alegres que
lá se faziam, passeávamos e divertíamo-nos nas pequenas ruas perto da Grand
Place. No dia de Natal desse ano parti o carro do Vilaça, que acabou por vir
a Portugal vendê-lo. Fomos para Genk, na zona flamenga, onde conhecemos
gente maravilhosa (Sergio Gneo, Dirk Heene, Mauricio, Bruno, Heins e outros)
com quem treinávamos, estivemos alojados num motel de estrada mafioso e a
trabalhar com neve e de cabelos rapados na construção civil, a demolir
prédios. Com esse dinheiro e entretanto com o resultante da venda do Rover,
comprámos os bilhetes na Aeroflot com destino a Tóquio.
O que fazia para se sustentar no Japão?
- No Japão para me sustentar comecei por dar explicações particulares de
inglês ao mesmo tempo que trabalhava como barman e acabei por vender
gravuras francesas e acessórios como colares, braceletes e outras bugigangas
na rua.. Trabalhava à tarde e à noite e treinava durante manhãs até à hora
de almoço e à tarde quando não trabalhava.
E onde ficavam instalados?
Em 1972 tínhamos tido um estágio com o Sensei Kanazawa, o meu ídolo da
altura que me tinha marcado com a sua execução da nijushi-ho. No final do
estágio, como resposta à nossa pergunta da possibilidade de treinar no
Japão, disse-nos que poderíamos dormir e treinar no Hoitsugan Dojo do Sensei
Nakayama. O Dojo tinha um espaço para se poder dormir, uma cozinha pequena,
uma casa de banho, e o local de treino e que ainda existe; o “Hoitsugan” e
que significa “o lugar da Esperança”.
Todas as manhãs, às 7 e meia, tínhamos uma hora de treino com o Sensei
Nakayama e, imagine-se com o Sensei Kanazawa ao nosso lado a treinar em
conjunto com um grupo de forasteiros de nacionalidades diversas.
Após o pequeno-almoço íamos de comboio para Suidobashi, onde ficava a Sede
da JKA para outro treino. Depois almoçávamos, quando havia dinheiro, quando
não havia geralmente comíamos arroz (risos). A partir das 5 da tarde íamos
trabalhar. Quando não tínhamos trabalho de tarde, aproveitávamos para
treinar no dojo do mestre Kanazawa
Como foi o regresso a Portugal?
- O nosso regresso escalonado, primeiro do Vilaça Pinto em 1974, do meu 1975
e do Afonso Lopes Vieira em 76, permitiu-nos aplicar em Portugal os
conhecimentos adquiridos nos 3 locais onde mais tínhamos praticado. No
Hoitsugan Dojo tínhamos “bebido da fonte” com o Sensei Nakayama, na Sede da
JKA tínhamos passado pelo treino puro de Karaté JKA, no Dojo do Sensei
Kanazawa tínhamos experimentado o seu Karate, muito particular.
Como resultado deste ensino, surgiu a partir do Centro de Karate do Liceu
Pedro Nunes uma nova geração de karatecas portugueses vindos da antiga Casa
da Mocidade da Almeida Brandão, com uma grande base técnica que se espalhou
por diversos Dojos no País e que se constituíram em 1975 como Associação a
ASKP.
Nos princípios de 1977, e devido ao facto de eu ter sentido de que ainda era
muito novo para ensinar, regressei a Tóquio e ingressei, com a autorização
do Sensei Nakayama, na famosa classe de Instrutores da Japan Karate
Association, onde permaneci sem interrupção durante 3 anos.de instrutores da
JKA.
Fonte : Sensei Arivaldo
Enviei um e-mail para o Sensei Peté e me autorizou a postar a foto no kareteca.net e quem quiser ler a entrevista completa com o Sensei feita pela Maria Camarão e só
entrar no site do
http://ekarate.wordpress.com/ . Acho que essa foto nem o
Ennio tem.............espero que gostem.