Tópico: Ricardo D´elia

[cuca]

Grato D'elia.
Grande abraço

[DElia]

Kaiko,
o privilégio é meu de poder contar com um ouvinte tão interessado e bem informado.
Meu contato com o Watanabe Sensei era excelente, sem maiores razões por empatia mesmo, por diversas vezes jantamos e conversamos, fora da Federação e em reuniões,  ele sempre lembrava das primeiras vezes que eu competi participando de torneios amistosos da Goju e da Shorin no Tênis Clube Paulista nos anos 60,  e comentava de algumas lutas minhas (eu iniciei na Goju com o Professor Sérgio Yanaguisawa), quando por duas vezes eu ganhei de um atleta que ele achava prepotente de nome Rony ... bem,  posso dizer com satisfação que por inúmeras vezes, como diretor técnico, apoiei-o e fortaleci sua posição na FPK, ele ficava feliz em me ver nos eventos da Goju e dizia que eu era um karateca  "importante".
Pouco conheci o professor Akamine, mas a primeira e única imagem que tenho é da abertura de um torneio, onde ele foi chamado para uma demonstração ... ele vestia terno e gravata ... ele tirou o paletó e deu um mergulho caindo em apoio de frente, na ponta dos dedos das mãos e dos pés, fez meia dúzia de flexões e pronto ... ficou em pé deu outro tanto de socos e chutes no ar, estava feita a apresentação, não precisava mais nada todo mundo estava impressionado!

[tzuki]

Olá!

Realmente é muito bom ouvir as histórias do Sensei D´Elia, pois relata tudo com bom humor e transmite de certo modo o conhecimento e a convivência com os grandes nomes da época.

Sensei D´Elia, assim como o Kaiko pediu relato de experiências da ABK, eu gostaria de saber se houve algum fato que marcou ou ocorreu na época com a Ken shin kan (Akamine)/Ken In Kan (Oshiro) da goju-ryu, e conte um pouco mais do seu amigo de faculdade.

Obrigado!!

Oss!

[Kaiko]

Obrigado pelas palavras, e pelo relato sensei D´Elia. As histórias que escuto, aqui e acolá contam que Sensei Watanabe era uma figuira ímpar. Em exames de faixa, por exemplo, disseram-me que ele se sentava e parecia dormir durante as apresentações técnicas (além de adorar uma caninha). Bastava alguém cometer um deslize e ele se levantava imediatamente, saia do aparente estado de sonolência bradando: "não, não é assim não..." Outra coisa que parece que marcou muito essa geração do sensei Watanabe eram os treinos de faixas pretas de domingo, na Mooca.

Lamento não ter vivido esta época, nem teria como vivê-la devido a minha idade, por isso contento-me em aprender a história e tentar praticar da melhor maneira. Infelizmente não conheci Sensei Watanabe, mas ele é uma figura que admiro muito, por quem tenho muito respeito.

Parece, inclusive que quando ele assumiu a ABK fui justamente nos moldes que o senhor relatou, dogui debaixo do braço...

OSS

[cuca]

  " Enviado por: Kaiko
(além de adorar uma caninha). "

Apenas um comentário: os que conheci eu garanto que sim, e ouço muito dos outros mestres também... A japonesada é chegada num birináiti.
Os chineses então nem se fala, convivi nos ultimos 3 anos com centenas deles na construção de uma usina termelétrica ( em Candiota/RS ) e nos encontros a noite é brinde em cima de brinde, fumando muito e o que é pior: tudo quente! eles não tomam nem cerveja gelada, é tudo natural. Quase morri uma dez vezes com eles...enquanto eles não deixam o " convidado" bêbado, eles não sossegam.

Desculpe se atrapalhei o rumo do tópico, segue o baile Délia...!!!!!!!

[DElia]

Tsuki,
o referido era o Prof. Tsunioshi Tanaka, responsável pela Kyokushin-kai-kan na América do Sul até a chegada do Isobe Sensei, colega no curso de Educação Física na FEC do ABC, hoje UNIABC, em São Caetano do Sul. Sempre tivemos boa convivência social, independente dos conceitos diametralmente opostos no que diz respeito à Karatê. Bem, ele como karateca era ótima pessoa ... educado, gentil, bom de marketing pessoal ... mas não sabia o que era chute e soco, ele confundia não violência no treino com ausência de combate físico, ele preconizava intensidade mínima para obter risco zero de acidente, para não se expor ele não treinava formas de combate, o resultado era trágico.
Após a vinda do Isobe Sensei ele foi destituído da representação da Kyokushin e   criou então o que chamou de Karatê-do Científico Brasileiro do Tanaka, um modelo extremamente frágil, um arremedo de Karatê, sem os princípios básicos que instituem o treinamento da Arte Marcial, era um conjunto de movimentos coreografados onde ele "fazia que ensinava e as pessoas achavam que aprendiam" técnicas de combate.
Faço estas críticas com pesar pela pessoa, mas com a consciência tranqüila pelo karateca, em 3 anos de convivência pude constatar que como poucos ele teve em suas mãos uma base de milhares de fiéis adeptos e não quis , e não soube,  aprender para ensinar, um pouco de Karatê de verdade!
Oss

[Emanuel]

Oss!
Só pra manter o tópico em evidência! 

E aproveitar para dizer que sou, assim como muitos, mais um expectador das histórias contadas pelo D'Elia Sensei neste tópico. E agora gostaria matar uma curiosidade, que pode ser respondida por qualquer Karateca contemporâneo do Sensei D'elia. 

Gostaria de saber como o Karatê-Do era visto naqueles anos pela ditadura militar?
Existia algum tipo de perseguição? E a sociedade brasileira, como enxergava o Karatê/Karateca nestas décadas, havia muito preconceito, muito respeito ou nenhum nem outro?     

Oss!

[rapha.m.g]

que tópico bacana!!

também estou acompanhando! uma pergunta melhor que a outra!

Osu!

[Vinteedois]

eu queria saber como é que pode, qeu com tanta gente boa, tantos karatekas excelentes, daqueles qeu iam nos dojos picaretas alheios e metiam o dedo na cara dos malucos e davam-lhes uma boa surra, como com tudo isso, ainda assim a picaretagem conseguiu se disseminar a ponto de os não picaretas serem verdadeiras agulhas no palheiro.

O qeu aconteceu pra que o nosso karate esteja na lama que está hoje em dia?

Boa parte desses karatecas bons, se corromperam?

Veio de cima ou de baixo a desmoralização do karate?

Quem é o responsável por essa porcaria qeu tá aí hoje?

nem todos os faixas pretas picaretas miseráveis e que merecem a morte, se auto-graduaram.. muitos deles vÊm de mestres conceituados... onde tá o erro? qual foi o erro?

Penso qeu talvez, o Sensei Delia, com sua singularidade cômica espontânea e direta, possa nos dar uma visão melhor sobre esses eventos...
Oss!
(também estou adorando esse tópico!)

[DElia]

Emanuel,
este é um assunto bem extenso e para dar uma posição precisa necessitaria de muito tempo, e mais competência, mesmo assim vou fazer um comentário que acho relevante e relatar um fato marcante, para que você possa analisar e ter sua visão.
É importante, e que fique muito claro: todos nós éramos favoráveis, ou não nos interpúnhamos ao regime; isto posto, afirmo: "Quem cala consente". Não cabe mediante meu relato, quem quer que seja, sentir-se ferido ou tocado ou maculado, já que se não concordasse e tivesse culhão, poderia ter se revoltado e abandonado nosso grupo de karatecas e amigos do Karatê. Bem, vários alunos da Butoku-kai, que tornaram-se grandes amigos pessoais, contribuiriam diretamente na fundação da FPK (estão no site da FPK na página que relaciona os nomes da primeira diretoria da entidade) e estavam ligados ao regime, através de suas profissões e/ou funções. Abriram as portas também para que fossem treinados paramilitares (TFP) e vigilantes em empresas de segurança, oferecendo um aumento considerável na receita do responsável pelas aulas, necessariamente não aquele que dava o treino (aquela velha estória, um recebe e manda outros puxarem o treino).
Há dias relatei ao Tsuki, fatos que marcaram a fundação da FPK e considerei que tudo estava impregnado pelas condições impostas pelo regime vigente, de lá tirei alguns tópicos:
.............em 1973, entre outras coisas, era vedada a reunião ou associação de pessoas sem autorização prévia, por outro lado no aspecto técnico, propriamente dito, haviam mestres e professores abrigados, e agrupados, sob diversas metodologias ou estilos, com objetivos e interesses não alinhados......
Sem dúvida, o grande mentor e líder do movimento que fundou a FPK foi o Professor Okuda, sua obstinação surda e cega, fez com que todos os obstáculos fossem superados ou esmagados. Vale ressaltar que o processo para regularização do Esporte foi iniciado pelo Sagara Sensei, na Federação Paulista de Pugilismo, com um departamento especializado e auxiliado pelo Professor Sasaki. Quando o Okuda Sensei (por fortes razões pessoais ................
...................seu grupo de trabalho, onde existiam “cabeças e peões�, os “cabeças�, indivíduos ligados ao regime vigente (pessoas leais e amigas que deram uma contribuição fundamental) e os “peões�, karatecas Antonio Gomes Martins, Ennio Vezulli, Morio Seki, Yasuiuki Sasaki e eu, (deram meses de trabalho, tempo e dinheiro). As portas eram abertas pelos “cabeças� e os “espaços� ocupados pelos peões, ou seja, uma reunião no CND antigo Conselho Nacional de Desportos (a entidade máxima do Desporto no País), era agendada pelos cabeças, ..............
Ele tinha por vezes reações estranhas, estávamos todos ali para tentar estabelecer um objetivo comum, consolidar o Karatê, porque uma entidade federativa mesmo que esportiva, independente da qualidade técnica, deve adotar princípios democráticos...................................................
Pela minha origem no Karatê ser em outros estilos, eu era visto pelos outros mestres como uma cara amiga .........
..............especialmente, pelo Shinzato Sensei, um grande apreço e respeito. No grupo que o acompanhava aquele dia, como sempre, estava um político cassado pelo AI5 que foi logo identificado por integrantes do nosso grupo que faziam parte do regime vigente. Criou-se um clima que excedia toda e qualquer previsão, uma coisa era Karatê e seus descompassos técnicos, agora coisas de política na época não se podia medir as conseqüências. Mas felizmente as coisas tomaram um rumo de equilíbrio e realizou-se a primeira reunião ......................................................

Oss

[Avi]

Sensei Delia, ja houve desafio de kiokushin e shotokan sim

http://www.karateca.net/forum/off-topic/desafio-espetacular!!!!-shotokan-x-kiokushin
oss

[Emanuel]

Oss!

Muito obrigado pela atenção Sensei D'Elia.
Confesso que, mesmo acompanhando diariamente os posts neste tópico, não tinha atentado que as informações contidas no post para o Tsuki já trazia um grande esclarecimento acerca da pergunta acima que fiz.

Gostaria de fazer mais uma pergunta, reinterando que qualquer opinião dos membros do fórum também são bem vindas.

Sensei D'Elia, vejo que o Sr. é um profissional da Educação Física (me corrija se eu estiver errado) eu sou estudante de educação física e, dentre muitas contribuições desta área, estou procurando também melhorar meu Karatê através dela.

Como o Sr. enxerga a contribuição da Educação Física na melhoria do Karatê?
Atualmente, estes estudos científicos estão mais atrapalhando do que ajudando na evolução do Karatê atualmente?

para exemplificar: no meu exame de faixa marrom, um primo meu que é formado em Educação Física, foi assitir e ao observar que eu ficara mais de uma hora sem parar pra tomar água (só fazendo kihon) ele me disse que aquilo era perigoso e que segundo a edf blá blá blá.

Neste sentido eu reintero, o Sr. acha que estes conhecimentos estão impondo limites aos treinos atualmente e que está entravando o desenvolvimento do Karatê-Do?

Oss!

[Avi]

Sensei Delia, o Emanuel se adiantou em um assunto que eu tambem queria perguntar pois sei que inclusive o senhor ja teve e dirigiu enormes academias de ginastica.

oss

[Enio Alves da Silva]

Oss, Sensei D´elia como está ?
Parabéns pelo excelente topico.
Diga uma coisa a todos aqui dentre os mestre atuais do karate ( tanto orientais como ocidentais) quem foi que veio da JKA (kenshusei) e quem veio das universidades e quem tambem chegou aqui só enrolando sem formação  nenhuma no karate-Do. E fale tambem da diferença de karate entre a JKA e as universidades.

[DElia]

Sukioto,
o modelo de Federação que vc citou existir, realmente, despertou minha atenção, fiquei esperando que vc a descrevesse. Se puder, agradeceria.
Oss