Tópico: Shotokai no Brasil

[musashi]

As competições servem para o Karateca começar a trabalhar o seu ego, pois nas competições o karateca aprende a ganhar e a perder, e principalmente, a lidar com isso. É algo importante qdo feita como algo que acrescenta-se ao treinamento. O grande erro é qdo o karateca ve as competições como meta de seus treinamentos. Lembro-me de um dia estar na academia e um rapaz moreno, careca, com pinta de karateca chegou la para treinar; o cara tinha mais titulos do que uma $%&! velha teve programas. Então fomos treinar.... hahaha, o cara batia como uma moça, tinha uma postura nada adequada, e um carater lamentavel. Obviamente não é necessário citar o nome desse karateca, mas podemos verificar que a competição não faz ninguém forte, pelo contrário, pode infraquecer o karateca. O que faz o karateca forte é sua seriedade e dedicação nos treinos. Então se pode acrescentar competições a esse treinamento, e aí sim se estará fazendo um bom uso das competições.
Além disso tenho que concordar que competição de Karate é aquilo que se fazia no passado, hoje em dia os caras fazem um esporte, que até pode ser interessante para alguns, mas não é Karate (salvo pouquissimas exeções).
E mais, o Karate é uma filosofia de vida maravilhosa mas é uma Arte Marcial, e como uma Arte Marcial tem que ser extremamente eficiente. As mãos no Karate tem que ter a mesma eficiencia que uma espada, de matar em um só golpe. Só filosofia não resolve e nem leva ninguém a nenhum lugar, só a mais e mais filosofia. O que engrandece o Homem é a prática, é o treino, é o desafio de cada dia, de cada treino. Vai filosofar em frente a um budoka!
OSS!!!

[Senpai]

Hai!

Vejo com preocupação isto tudo. Existe uma colocação que tem que ser satisfatoriamente entendida.

Anos atrás quando Einstein definiu sua famosa equação, sabia do seu significado e temeu pelo uso inadequado de tal conhecimento: a bomba atômica.

Santos Dumont considerado o Pai da Aviação se maravilhava ante a sua descoberta e com grandeza de coração deixou seus descobrimentos abertos a qualquer pessoa independente de sua nacionalidade. Porém, ao ver que sua descoberta era usada para fins bélicos, se encheu de grande amargura e tristeza.

No Karatê é igual. A cada passo que damos em direção oposta aos ensinamentos de Funakoshi, cada vez mais descaracterizamos o Karatê. Pode ser que de tanto andarmos em um outro sentido não possamos nem mais chamá-lo de Karatê.

O Karatê como foi concebido é extremamente filosófico no sentido do Budo e, portanto não é Arte Marcial aplicada ao Budo, mas é Budo que dá vida a Arte Marcial.

Ao mudar esta mentalidade, mudamos o cerne que o Karatê se estrutura. Será que seria correto chamar Mestre Funakoshi e seus alunos de “atletas�? Ou a um Samurai?

Tanto um como o outro tinha o objetivo de realizar uma tarefa ao longo da vida e verificar dia a dia se estavam na senda correta. Tanto um como o outro tinham como objetivo primário o desenvolvimento espiritual no mais alto grau possível sem o qual não poderiam ser chamados de alunos de Funakoshi ou de pertencer à elite dos Samurais. Vitória ou derrota não fazem sentido no mundo ao qual pertencem, pois é um mundo de construção e evolução interna. O que dizer dos Samurais? Com efeito, encontra-se no seu Credo:

Eu não tenho leis, faço da auto-defesa minha lei.
Eu não tenho espada, faço da perseverança minha espada.

O Karatê não é arte de ring! (Ainda que lá o tenham colocado) Não é a arte do chute ou soco mais forte (ainda que busquemos produzi-lo) Isto é um terrível engano e produto de nossa visão ocidental!

O Karatê é a arte de formar o guerreiro, o samurai, o homem e instruí-lo para a vida!

Kata, Kihon e Kumite tem a sua existencia devido à um "bonder" que os une e é chamado de Budo. O atual enfoque ocidentalizado das artes marciais, e isto como um todo, tem que ser visto com muito cuidado quando acentua aspectos de vitoriosos gladiadores romanos, cuja esfera de atuação e origem são por assim dizer, estranhas ao Karatê e seu intuito.

Entristeço-me pelos reducionismos que a nobre arte do guerreiro sofreu.

Hai!

 .

:

[Myagi]

É verdade, mas não devemos esquecer que moramos num continente ocidental, totalmente influenciado pelos habitos americanos, pagamos contas de luz, agua, trabalhamos 8 horas por dia, convivemos com corrupção, comemos alimentos enlatados com acidulantes, estabilzantes, corantes etc.....
As pessoas que vivem nesse mundo ocidental (eu, voce e a maioria do pessoal do forum), estamos longe creio eu de atingirmos uma rotina, ou um ideal de vida, que realmente entrem na linha do budo, o karate na vida de nós tem muito mais função em impedir que essa vida de stress e correria nos consuma até o limite e impede que cometemos verdadeiros crimes contra o nosso corpo e a nossa existencia, (leia-se vicios de bebida, cigarro, drogas de uso proibido etc..).
É nesse karate que eu acredito, esse karate pode ser vivido todos os dias.

Esse assunto é algo que me instiga muito, gostaria que o pessoal se expressasse em relação às minhas idéias.
Abração

[musashi]

"Sempai" vc parece ter estudado bastante, teve tempo de treinar tb?
Tudo o q vc diz é muito correto e coerente, porém em relação ao que disse sobre vitória e derrota, equanto ego, de fato não importa, mas na vida importa sim. Não a vitoria em competições, mas em batalhas. Na batalha derrota significa morte, e filosoficamente, vida e morte são uma coisa só, mas temos que ver que os grandes samurais foram aqueles que não morreram, que venceram. Vencer uma luta é um exemplo de como havemos de se portar na vida. Como posso considerar um karateca ou samurai forte se ele só apanha, se ele esta morto. Filosofia é muito importante mas a pratica é mais, se vc não estiver vivo não tem como comprender a vida e toda essa filosofia. Alem do que a única forma de se entender sobre vida e morte é chegando bem perto disso.
Toda essa filosofia surgiu de muita prática. Portanto treinem muito!!!
OSS!!!

[Senpai]

Hai!

As reflexões aqui colocadas são verdadeiras! Gostei muito delas.

Existe uma pressão silenciosa que desde muitos anos vem ocorrendo. Determinados valores ocidentais foram incorporados dentro do Karatê atual. Tal como numa equação para manter o seu equilíbrio, tal incorporação serviu de base para se retirar praticamente o Budo de dentro do Karatê ou pelo menos alterá-lo em sua substancia.

Ainda assim o espírito do Karatê é algo de muito forte. Algo salutar de suas raízes se encontra entre nós, pois sendo uma arte nobre, é praticada como até uma defesa contra as imposições do nosso modo de vida, hábitos, etc.

A medida que vamos tomando consciência dos aspectos que o Karatê sofreu ingerência por parte de sua ocidentalização, surge de igual maneira a oportunidade de reflexão. Reflexão esta que poderá, se abrirmos o nosso entendimento, a mudanças no curso de nossas vidas.

Evidentemente que existem aqueles que gostam do Karatê como ele está atualmente e continuam a projetar em seus ensinos para o futuro. Outros desagradados fundaram outros estilos, outras escolas e aí vai.

Contudo a pedra fundamental já foi posta e esta remonta sem dúvidas a Funakoshi. Seus ensinamentos são em tudo úteis até mesmo para a sociedade em que vivemos.

A história nos mostra que no momento em que Harada veio ao Brasil, Funakoshi lhe deu autorização para fundar o primeiro Dojo Shotokan do Brasil. Porém lhe disse que não queria que este Dojo fosse filiado ao do Japão, pois queria que o Karatê aqui florescesse puro e distante do que ocorria no Japão. Todos sabemos o que estava ocorrendo no Japão nesta época.

Mestre Funakoshi dá um exemplo com esta decisão:

Não temeu e depositou a sua confiança em que o Karatê se conservasse tal qual ele ensinara.

Ratificou isto promovendo Harada ao 5º dan quando ele ainda estava no Brasil.

Quando praticamos o Karatê, acredito que temos uma grande responsabilidade, principalmente como brasileiros Não seria demais afirmar que a grande esperança de Funakoshi estava na semente brasileira.

De sorte que em maior ou em menor grau, temos que nos colocar frente a esta responsabilidade, aceitando-a ou rejeitando-a.

Para aceitá-la envolverá um grande espírito de abnegação para não se curvar perante os muitos apelos ocidentais. Talvez seja o caminho mais difícil de todos, não sei. Mas é certamente um caminho difícil.
Se cada um de nós for motivado a fazer uma reflexão e daí desenvolver algo dentro da sua escola, da sua casa, do seu trabalho então haverá um momento em que o Budo estará mais perto de todos.

No outro tópico ao tocar no assunto vitória ou derrota, tentamos lhe dar forma e a ocuparem um lugar no espaço. Esta é a forma antiga de se ver a luta. Funakoshi e Egami apontaram para algo ainda maior que seria transcender a vitória e a derrota chegando a unidade com o oponente. Tanto do Dojo assim como na vida é isto o que se busca em suma.

Filosofia é muito importante mas a pratica é mais

Não vejo nos ensinos dados por Funakoshi fundamento para esta afirmação. Ambos devem ser treinados, pois os dois são um só. Acredito que as perguntas que você colocou

Como posso considerar um karateca ou samurai forte se ele só apanha, se ele esta morto.

seja exatamente aquilo que O-Sensei temia. Estando anos a frente de seus alunos, ele viu o nascimento deste tipo de dúvida em função dos desvios que a sua arte estava sofrendo. Trata-se de uma verdadeira mudança de paradigma. Mudando-se o paradgma, tudo muda...

A partir do momento que nos impressionamos por situações em que um bate, o outro apanha, um sai vivo e o outro sai morto, estamos perdendo o foco para o qual a própria arte foi criada. Ironicamente a vida nos traz situações em que fortes perdem e fracos ganham.

Daí a constante necessidade de refletir sobre o “Do�.

Hai!

[Gustavo-RJ]

Pergunto eu: O que tem em comum o evangelico e o drogado?

Respondo eu: O fato de acharem de quem não esta do seu lado é um imbecil. E o pior tentar converte-lo.

Vivamos com a diferença. O que pode ser bom pra um pode não ser pra outro. Da mesma forma que existem coisas melhores para a defesa pessoal do que o karate existem outros meios para se ter uma vida correta sem usar/treinar esse tal de DO.

Pessoas boas de porrada podem viver sem jamais treinar karate e garanto que Madre Teresa de Calcuta nunca ouviu falar em Funakoshi e quem acertou o DO mais que ela?

Eu particularmente, como meu Mestre, acredito no karate porrada sem DO e sem competição...mas como disse antes pra outros pode e deve ser diferente. Até a falta de kime eu aceito. Não gosto mas aceito.

[Senpai]

Hai!

Interessante colocação. Sem dúvida a unidade dentro da própria diversidade dá a nota harmônica que gera a paz. Que seja sempre assim. Obrigado pelo seu respeito ante a diferença.

Pessoas boas de porrada podem viver sem jamais treinar karate e garanto que Madre Teresa de Calcuta nunca ouviu falar em Funakoshi e quem acertou o DO mais que ela?

Suas palavras aqui são também muito verdadeiras e se você olhar atentamente para elas verá que tocam esferas profundas da própria vida.

Quem acertou o Do mais do que ela? O Mestre que ela seguiu por toda a sua vida.

Do, á moda de Madre Teresa de Calcutá:

A Borboleta

Um homem achou um casulo de uma borboleta.
Um dia um pequeno buraco apareceu neste casulo. Ele sentou e ficou observando a pequena borboleta que por horas, fazia muita força tentando sair do pequeno buraquinho. Então a pequena borboleta cessou sua luta para sair demonstrando que aquele ponto era o máximo onde ela conseguia ir.
Vendo a dificuldade da pobre criatura, ele resolveu ajudá-la, pegando uma tesoura e cortando fora a parte do casulo que faltava para sair o corpo da borboleta e a libertou do casulo.
A borboleta recebendo esta ajuda saiu fácil do restante do casulo, mas em conseqüência disto o seu corpo estava inchado e muito pequeno, suas asas estavam trêmulas. O homem continuou a observar a borboleta, pois esperava que a qualquer momento as asas ficariam grandes e expandiriam para suportar o peso do corpo e com tempo o corpo desincharia.
Nada disto aconteceu! Ao invés disto a borboleta ficou mutilada para o resto de sua existência.
E nunca voou.
O que aquele homem na sua inocência e cuidado não entendeu foi que o processo da agonia de sair do casulo, para a borboleta era necessário. Passar por aquele pequeno buraquinho foi a maneira que Deus fez para que através dos movimentos a borboleta exercitasse a passagem de fluidos pelo seu corpo ainda imaturo e ficando pronta para voar e alcançar a liberdade fora do casulo.
Algumas vezes este mesmo processo de agonia é o que exatamente nós estamos precisando em nossas vidas, se Deus permitisse que nós passássemos nossa vida sem obstáculos, ficaríamos aleijados como a borboleta.
Nós não seríamos fortes o suficiente e nunca poderíamos voar.

Anônimo

Hai!

[Gustavo-RJ]

É isso ai Senpai.

Vamos em frente, cada um com sua verdade aceitando a diversidade. O que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho.

Esse forum é muito bom, pena que quem o criou ta meio ausente, né RENÊ :roll:

[Jefferson]

Boas!

Myagi, parabéns!
Você foi muito feliz no seu comentário.
Conseguiu mostrar a realidade como vivemos hoje e a importância que o karatê tem em nossa vida.

Valeu!

[Senpai]

Hai!

Estimados Amigos

A partir do dia 30 e durante todo o mes de Outubro estarei ausente.

Motivo: FÉRIAS!!
Estarei por outro lado tendo a oportunidade de intensificar meus treinamentos e evoluir na prática.

Que ao meu retorno possa encontrar a todos com muita saúde e realizações!

Até lá!

Hai!

[Luiz]

Boas férias...

E bons treinos...

Oss...

[samurai]

Senpai somos dois Eu tbm estou saindo de ferias


Luiz, se der certo vou a Botucatu ai procuro vc no dojo,

Normalmente treino em um campo de futebol no Jd. Aeroporto sempre as 7:00hs da manhã.

Oss

[Luiz]

Fala Samurai...

Vai ser dificil vc me encontrar la, pois estou afastado este ano por causa do Joelho, mas me avise se vier mesmo que eu te dou meu telefone e a gente bate um papo.

Luiz

[Senpai]

Hai!

Estimados Karatecas,

Informo que não sou mais Delegado do Shotokai Karatê Budo de Humberto Heyden Sensei para São Paulo.

Não obstante a tal fato, o Shotokai continuará a se desenvolver independentemente no Brasil, buscando suas raízes e as sedimentando.

Temos assim uma maior responsabilidade.

Já estamos com alguns grupos de treinamento em São Paulo, muito embora não em sede própria.

Esta sedimentação, envolve um lento progresso com referencia a forma que o Karatê é praticado, visando uma transição gradual.

Atualmente podem ser notadas algumas diferenças no treinamento executado. Não são muitas, mas estas tendem a se acentuar com o passar do tempo.

Os pretas que temos já estão sendo submetidos a treinamentos diferenciados, visando assimilações que aumentarão significativamente o seu cabedal de conhecimentos para a transmissão e particularmente a preservação histórica do Shotokai no Brasil.

Também visa-se uma transformação natural, não traumática.

Hai!

Esclarecimento:
Atualmente continuo como Delegado de H. Heyden Shihan para o desenvolvimento Shotokai. "Os pretas que temos" refere-se a um grupo de amigos em São Paulo, encontram-se dentro de seu desenvolvimento  manténdo-se distintos do Shotokai, muito embora os que mais se assemelham em minha avaliação).

[Hapli-Komo-Leu]

Ola Sempai!
Eu acho que Vc. esta certo,seus conceitos estao na direcao certa.(meu teclado enlouqueceu,e nao tem mais acentuacao nem cedilha)
Esta de pe a minha oferta de ajuda-los em comunicacao,vou mandar o meu tel via MP.
Porque nao marcamos um trino na Mushin,so com o pessoal de Vcs,para eu ampliar o meu conhecimento.
OSS!
Hapli Pedro